Podemos definir “pós-verdade” como aquele jargão dos anos 1980: “ me engana que eu gosto”.
O que tem motivado o surgimento do termo ainda não é bem conhecido, mas as redes sociais são as principais responsáveis, pois difundem fatos aparentemente coerentes que são repassados veloz e abundantemente a ponto de, pelo volume de pessoas que estão compartilhando, chega a ser considerado “verdadeiro”.
Já faz algum tempo que a verdade objetiva dos fatos tem sido considerada menos importante que a avaliação ou interpretação pessoal. Ganhou mais força com a internet o que é extremamente preocupante, pois se a verdade é o alicerce e fundamento para o desempenho da justiça e da integridade, estamos realmente num “mato sem cachorro”, num bote inflável, à deriva, no mar agitado dos interesses pessoais. É por isso que está cada vez mais difícil discernir o certo do errado, punir os verdadeiros culpados, manter na cadeia os que precisam pagar pelo que fizeram. As bases do direito estão sendo solapadas. Estamos contemplando o início de uma era anárquica. Seria o começo do fim?
A cerca de dois mil anos, alguém predisse que um tempo assim chegaria: “Porque chegará uma época quando as pessoas não ouvirão a verdade, mas andarão de um lado para outro procurando mestres que lhes digam apenas aquilo que desejam ouvir” (**). Sim, esse tempo chegou. As pessoas, de um modo geral, estão preferindo mentiras “confortáveis” do que verdades “desagradáveis”. O que “eu sinto” e em que “eu creio” é mais importante que fatos comprováveis e descobertas científicas. Como bem dizia Francis Schaeffer nos anos 1970: é a morte da razão. O pensamento foi substituído pelo sentimento. A verdade já não é algo fora de nós, a quem devemos reconhecer e nos curvar. Tornou-se particularizada. Eu tenho a “minha verdade” e você tem “a sua”.
Pensando bem, nunca foi tão necessário pensar. Nunca se fez tão urgente o uso da razão, da reflexão séria, do pensar analítico. A verdade não é propriedade particular. Ela é a verdade. É objetiva, exclusiva e poderosa. A verdade é luz que ilumina, ponteiro que assinala o caminho, fonte segura de recursos para uma vida de justiça e integridade, alicerce para se edificar uma vida, uma família, uma nação!
Se estamos vivendo a era denominada de “pós verdade” estamos cativos de nossos caprichos, prisioneiros de nossos instintos, reféns de nossos interesses pessoais e cúmplices da mentira, do engano e da sedução. Mas há uma esperança que emerge das páginas da história, um brado profético que atravessa gerações. Um grito vindo de um lugar remoto e aparentemente insignificante do planeta. Uma voz que tem sofrido a continua tentativa de sufocamento, mas que resiste ao tempo, que diz: “ E CONHECEREIS A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ” (***).
sergiomarcosmevec@gmail.com
(*) Fonte: www.nexojornal.com.br
(**) Paulo, o apóstolo, na 2ª carta à Timóteo, 4:3
(***) Jesus Cristo, conforme o Evangelho de João, 8:32
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