quarta-feira, 16 de março de 2022

SOBRE A POLÊMICA DO FILME DE DANILO GENTILI E PORCHAT.


De um lado estão os que defendem a liberdade de imprensa e a categorização do filme para maiores de quatorze anos. Do outro, os que vociferam contra o conteúdo, supostamente, fazendo apologia a pedofilia.

É verdade que tememos o retorno da censura e o fim da liberdade de imprensa. Também é verdade que as plataformas de streaming são pagas e seu uso fica a critério de quem decide o que assistir. No entanto a polêmica exige reflexão séria sobre filmes do gênero e sua veiculação.

Os clássicos filmes da década de 1970 como “Papillon” e “Um estranho no ninho”  tinham como propósito mostrar a sede de liberdade do ser humano. A série dinamarquesa “Borgen” versa sobre a importância da transparência e lisura nas relações entre política e imprensa. Isto posto, pergunto: qual o propósito do filme “Como ser o pior aluno da escola”?

O mundo em que vivemos já é sórdido o suficiente; já existem monstros disfarçados de seres humanos o suficiente; já existem crianças e adolescentes molestados aos milhares. Neste contexto bizarro da vida real, em que o filme de Gentilli contribui? Entretenimento? Diversão? Alguma vítima de abuso se divertiria assistindo as cenas? Em quê a dita produção contribui para os assinantes? Podemos empregar o filme de modo construtivo?

“Cristiane F, drogada e prostituta”, outra obra dos anos 1970 sobre a vida real de uma menina de 13 anos e sua incursão no mundo das drogas e prostituição, foi empregado construtivamente para pais e adolescentes. Novamente pergunto: as verbas empregadas para a produção do filme “Como ser o pior aluno da escola”, estão justificadas?  

Não me refiro a questão moral, mas de pertinência. Qual o valor desta obra? Qual propósito de seus realizadores? Onde queriam chegar? 

Qual a sua opinião?

Sergio Marcos

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