Eu já "malhei o Judas". Aquele boneco se despedaçava debaixo das pauladas que recebia da molecada do bairro e todos se divertiam. Nem todos sabiam o que estavam fazendo. Só os católicos mesmo, que iam a missa e tudo mais.
Hoje, a sós com minha Bíblia, refleti consternado, que Judas é mais que um personagem sinistro da históira. Mais que uma figura no imaginário religioso brasileiro. Judas pode ser qualquer um de nós. Judas pode ser... eu mesmo.
Sim, quem era Judas? Natural de Judá (o único entre os doze) era culto, apto em administração financeira e politizado. Talvez membro da elite pensante em Israel. Foi chamado por Jesus e recebeu diretamente do Senhor, uma missão: ser seu representante na face da terra. Seu título: apóstolo.
Quem é Judas?
Judas é aquele que foi amado por Jesus (João 13:1) e participou da santa ceia (Lc 22:17 à 21). Acabou, no entanto, se desconectando de seu Mestre. Roupeu sua amizade com Jesus assim que percebeu que suas aspirações não conferiam com as propostas do Nazareno, mas permaneceu no grupo.
Ainda hoje, entre os religiosos, sejam de linha católica ou protestante, ortodoxos ou carismáticos, reformados ou pentecostais, se algum seguidor de Cristo perde sua comunhão e intimidade com Jesus e permanece entre seus seguidores, torna-se um Judas.
"- O Senhor diz: "Esse povo se aproxima de mim com a boca e me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. A adoração que me prestam só é feita de regras ensinadas por homens" (Isaías 29:13). Como diz aquele trecho da música "Astronauta de mármore" do grupo "Nenhum de nós", década de 1990: "...não era mais o mesmo mas estava em seu lugar".
Se eu e você, posamos de bonzinhos, metidos a religiosos, com "cara de santo", usufruindo da imagem de "boa praça" e pessoa acima de qualquer suspeita, mas não temos mais paixão por Cristo e não mais o seguimos como modelo de integridade e espiritualidade, nos tornamos tão sórdidos e mesquinhos como Judas.
Malhei o Judas até que entendi que sua pessoa não entrou para história apenas como um traidor miserável, mas como um espectro sinistro que permanece dentro de cada um de nós.
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