sábado, 21 de novembro de 2015

O Sinal da Besta (Uma interpretação).



                                                                                                           
                A preocupação é legítima e não desejo aqui minimizar o problema, mas em alguns arraiais evangélicos a coisa está virando neurose. O implante do biochip parece uma questão de tempo, mas há razões para não temermos estar diante da marca da Besta.
                A questão hermenêutica.
                O livro da Revelação (o Apocalipse de João) deve ser interpretado segundo as regras da hermenêutica sagrada. Uma delas diz que um texto não pode comunicar hoje algo diferente do que o autor queria comunicar no contexto em que foi escrito. Ou seja, não havia como entender, na época, a possibilidade de um implante na mão que desse acesso a informações sobre a pessoa. É preciso primeiramente entender como as pessoas nos dias de João entenderiam o Apocalipse.
“João prevê que a besta, com a  ajuda do falso profeta, assumirá poderes totalitários, com controle completo de toda política, religião e economia do mundo, com o objetivo de levar toda a humanidade a adorá-la” (George Ladd – Apolaipse, introdução e comentário, pg 138 – Ed. Vida Nova).
Nesta breve explicação sobre o verso 17 do capítulo 13 do Apocalipse, Ladd aponta para o propósito da marca da besta, mas não define como seria.
                Sem novidade.
                Marcas visíveis no corpo não são exclusividade do Apocalipse.
“Então, disse Caim ao SENHOR: É tamanho o meu castigo, que já não posso suportá-lo. Eis que hoje me lanças da face da terra, e da tua presença hei de esconder-me; serei fugitivo e errante pela terra; quem comigo se encontrar me matará.​O SENHOR, porém, lhe disse: Assim, qualquer que matar a Caim será vingado sete vezes. E pôs o SENHOR um sinal em Caim para que o não ferisse de morte quem quer que o encontrasse” (Gn 4:13 à 15). Um sinal foi colocado, por Deus, em Caim.
                Outro sinal no corpo foi a circuncisão: ​“Circuncidareis a carne do vosso prepúcio; será isso por sinal de aliança entre mim e vós (Gn 17:10).
                O sinal de Deus nos sacerdotes.
                Mas o que pode nos dar uma pista interpretativa coerente está em Êxodo 29: 19,20 ​“Depois, tomarás o outro carneiro, e Arão e seus filhos porão as mãos sobre a cabeça dele.  ​Imolarás o carneiro, e tomarás do seu sangue, e o porás sobre a ponta da orelha direita de Arão e sobre a ponta da orelha direita de seus filhos, como também sobre o polegar da sua mão direita e sobre o polegar do seu pé direito”.
                A representação está clara: o sangue purifica. O sinal na orelha direita, significam que o sacerdote estaria sendo capacitado para ouvir o que precisasse ser ouvido (discernimento espiritual), no polegar a capacidade de fazer o que Deus ordena e no dedo do pé, de ir onde Deus o mandar, ou seja, obediência.
                Além disso “a marca, estampada na mão direita ou na testa, lugar em que os judeus usavam seus filactérios (cf. Dt 6:8), é o nome da besta adorada por aqueles que recebem a marca, uma imitação burlesca e perversa do selo estampado na testa dos servos de Deus (Ap 7:3 – 14:1 – 22:4) – (Comentário Bíblico NVI – pg 2243)
                O buraco pode ser mais em baixo.
                Sendo assim, a marca da Besta na testa e na mão, podem representar a maneira de pensar e de agir. Acredito que não se trata de um chip, ou cartão de crédito, ou código de barras ou a leitura da íris do olho ou a digital do polegar.
                Lembremos que satanás é muito mais astuto e muito mais sutil. Acredito que a “marca da besta” é uma forma de pensamento, uma mescla de religiosidade cristã com paganismo. O sinal na mão é o procedimento, o comportamento. Quando crentes ou pretensos crentes começam a ceder em sua santificação, permitindo que a impureza no pensar o leve a agir de modo pecaminoso, estão cedendo ou aceitando a marca da besta.
                Marketing e consumismo são coisas do demo.
                Sem querer espiritualizar, se um homem cede a atração da pornografia, vez após vez, solteiro ou casado, estará submetendo sua mente a uma filosofia de vida, e começará a pensar e enxergar o mundo ao seu redor pela lente da imoralidade (sinal na testa). Com o tempo, não encontrará resistências morais e começará a proceder (sinal na mão) de acordo com aquilo que está consumindo com os olhos.
                O marketing selvagem também está fazendo isso com a sociedade. Marketing age na mente e leva ao consumismo, ação. Primeiro o sinal na testa depois na mão.
                É desejo de Deus operar em nós “o querer e o realizar” (Fl 2:13). Veja a ordem: Querer (testa) realizar (mão). Satanás deseja possuir esta prerrogativa exclusiva de Deus na vida dos Seus filhos. Quer usurpar o lugar de Deus na vida dos que por Ele tem sido alcançados.
                Agora é com você.
                Não posso me arrogar de que esta seja a interpretação correta do famigerado texto apocalíptico, mas é coerente. O fato de ninguém poder comprar ou vender sem o sinal da Besta ainda é preocupante e misterioso. Muitos arriscam dizer que haverá um controle mundial e isso se baseará nas informações que uma central terá de cada habitante do planeta. Isso já é possível com as redes sociais. Mas o que mais precisamos nestes dias e de uma relação íntima com Deus. Ligados ao Senhor, em oração e meditação diária em sua Palavra, haveremos de triunfar sobre as ciladas do diabo.

“Quando começarem a acontecer estas coisas, levantem-se e ergam a cabeça, porque estará próxima a redenção de vocês" (Lucas 21:28).

De Paris à Mariana - O que há em comum?




Em dois continentes, tragédias diferentes com algo semelhante. Terroristas islâmicos querendo “endireitar” a pecaminosa Paris com um mar de sangue e políticos brasileiros querendo “endireitar” a distribuição de renda com paternalismo político e corrupção, sendo o desastre da Mariana uma figura (ou parábola) nada engraçada da desgraça promovida pelo governo Dilma.

O Rio Doce amarga com os detritos da mineração enquanto a sociedade brasileira amarga com a inflação e o desgoverno.

Paris amarga com a tragédia covarde de um grupo religioso que não sabe o significado da palavra religião. Amargor que, na boca da comunidade islâmica espalhada pelo mundo, consegue ser ainda mais amargo.



Paris.

Quanto mais assisto na TV as reportagens sobre estas tragédias, mas admiro Jesus de Nazaré. Quando extremistas religiosos levaram uma pecadora à Cristo, usaram a Torá para condená-la a morte, exatamente como o Alcorão é usado como pretexto para a violência.  Sem ignorar o pecado da mulher, Jesus atinge a consciência de seus acusadores com a célebre frase: “quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra”.

Quem é o Estado Islâmico para julgar Paris como cidade do pecado e do vício? Mesmo que seja, quem é o E.I. para condená-la e sentencia-la à morte e ao medo?

Jesus não inocenta a mulher, mas não a condena. Após a retirada dos fariseus legalistas, acusados pela sua própria consciência, diz Jesus: “vai e não peques mais”.

Não olhe para Cristo como um líder religioso. Ele não é. Não há fanatismo em Jesus. Não há moralismo inconsequente. Ele não estende o dedo, nem para a mulher flagrada em adultério, nem para os hipócritas religiosos que a acusaram. Ele evoca a consciência de cada um. Ele age sem parcialidade. Ele age com cuidado, com amor, com perfeição de Deus. Pois é O Filho de Deus.



Mariana – MG

O que chocou o Brasil não foi apenas a morte de um rio de 880 km de extensão, mas a incompetência de uma megaempresa, a incompetência dos órgãos fiscalizadores do governo e o descaso que a mídia deu para a  tragédia mineira em relação aos atentados em Paris.

Segundo especialistas, serão necessários muitos anos para que o Rio Doce volte ao seu normal, e isso com emprego de técnicas sofisticadas de despoluição.




Onde vamos parar?

Os ambientalistas concordam unânimes que o planeta está em convulsão.

Quanto mais assisto na TV tragédias ambientais, mais reconheço a sabedoria profética de Jesus de Nazaré que previu: “haverá sinais no céu e na terra”. De fato “ a natureza criada aguarda, com grande expectativa, que os filhos de Deus sejam revelados. Pois ela foi submetida à futilidade, não pela sua própria escolha, mas por causa da vontade daquele que a sujeitou (o ser humano), na esperança de que a própria natureza criada será libertada da escravidão da decadência em que se encontra para a gloriosa liberdade dos filhos de Deus. Sabemos que toda a natureza criada geme até agora, como em dores de parto(Rm 8:19 à 22).



Cristianismo puro e simples.

Cristianismo não é uma instituição, não é uma filosofia, não é um sistema, não pode ser comparado ou encapsulado. Cristianismo é Cristo, a pessoa de Cristo, os sentimentos de Cristo, a mente de Cristo imperando como Senhor Absoluto por meio de pessoas imperfeitas que decidem aceita-lo como Filho de Deus, Deus Encarnado, e a única esperança para a humanidade.

Clarice Linspector, em sua maneira peculiar de lidar com as palavras, definiu: “Pecado é tudo aquilo que Cristo não fez”.

Há quem não acredite e para estes, a sabedoria de Tomás de Aquino é apropriada: “Para quem tem fé, nenhuma explicação é necessária, para o que não tem, nenhuma explicação é possível”.

Tragédias são ruins, assustadoras, mas podem gerar um ambiente propício à reflexão acerca de nossa vulnerabilidade, finitude, incompetência e carência de Deus. Tragédias também costumam extrair o melhor das pessoas em solidariedade, fraternidade e amor.

De Paris à Mariana ou vice versa, pensemos na vida, pensemos no outro, no que sofre; pensemos em nossa própria desgraça, pensemos também, na graça de Deus, revelada em Jesus.





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