domingo, 4 de novembro de 2018

Foi Jesus um socialista?


O pleito eleitoral que acabamos de participar foi bastante acirrado e revelou o desejo do brasileiro por mudança. Curiosamente, a religião se fez presente como nunca e o nome de Deus e de Cristo foram fartamente usados. Mais curioso ainda é o fato de Jesus Cristo ter sido apontado, por alguns, como “de direita” (capitalista) e por outros, “de esquerda” (socialista). Como assim?

         No cristianismo católico/evangélico a militância ficou polarizada. O Pastor Ariovaldo Ramos, de confissão Batista, militou ostensivamente em favor da esquerda. Adepto da linha teológica conhecida como “missão integral da igreja”, defende a liberdade de Lula e apoia os projetos socialistas dos partidos de esquerda. Por outro lado, muitos pastores e líderes confessionais conservadores, se declaram maciçamente a favor da direita. Quem estaria com a razão? No meio católico, a maioria também optou pela ala conservadora, enquanto alguns padres deram apoio discreto à esquerda.

         Os socialistas fazem uso de textos bíblicos como a multiplicação dos pães e peixes (Mt 14) para afirmar que Jesus pensava nas multidões e foi à favor dos menos favorecidos, citando a conhecida frase do sermão do monte: “Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus” (Lc 6:20).

         Os conservadores, ligados a direita capitalista, usam a parábola dos talentos (Mt 25:15 à 30) para afirmar que o capitalismo e a iniciativa privada é o sistema de governo endossado por Cristo. Quem estaria com a razão? Quem afinal era Jesus Cristo? Um conservador de direita ou um socialista de esquerda? Isso é importante para você? Pra mim é, por algumas razões:

         Primeiramente porque a figura pública de Jesus de Nazaré tem sido usada e abusada no apoio ou desabono de um sistema político mundano, de interesses egoísticos e disputas partidárias nada santas. O terceiro mandamento de Deus é claro o suficiente para condenar ambos os lados ao pecado de blasfêmia: “Não tomarás o nome do SENHOR, teu Deus, em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” (Ex 20:7).

         Em segundo lugar porque nos dias de Jesus não havia capitalismo nem socialismo. Jesus encarnou e cresceu num país ocupado pelo império romano, onde se ouvia nas esquinas todos os dias: Rex Lex ( o rei é a lei). Por outro lado Israel era uma Monarquia Teocrática e qualquer comparação com os dias atuais esbarra, inexoravelmente, no abismo histórico-político-social com aquela época.

         Por último, Jesus deixou claro que não estava sujeito a sistemas políticos, apesar de que muito de suas posturas, mensagens e profecias tiveram repercussão política, inclusive sua morte e ressurreição. Quando Pilatos mencionou seu poder político para crucificar Jesus ou soltá-lo, ouviu da boca do Mestre: “Nenhum poder terias tu, se do Céu não te fosse dado” (Jo 19:11). Jesus desconstrói qualquer ideia de poder político interferindo no seu destino, traçado soberanamente pelo Pai: a cruz.

         Pensando bem, usar o nome de Cristo ou de Deus na política, para justificar posição partidária, obter apoio deste ou daquele grupo a fim de vencer um pleito eleitoral é pecado de blasfêmia e não passará impune diante de Deus.

         Respondendo à pergunta: Jesus não foi, nem socialista, nem capitalista. O Mestre foi enfático ao dizer: “o meu reino não é deste mundo” (Jo 18:36).

         Prezado leitor, não reduza o Cristo da cruz a um mero militante político. Não faça de Jesus Cristo um simples ícone Espiritualista de imensa “iluminação”. Não o considere apenas mais um Mestre, Psicólogo ou Líder. Não foi para tais coisas que Jesus encarnou, viveu, morreu e ressuscitou.

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