terça-feira, 20 de novembro de 2012

O encontro

Jamais esquecerei aquela tarde de domingo. Eu era um bom crente, membro de uma igreja histórica, tradicional, com origens europeias e orgulhoso de ser neto de Dona Cecília de Barros Cicotti, uma crente devota, de uma fé e testemunho exemplares. Era um garotão, gostava da vida e meus dotes de liderança me deram certo prestígio na comunidade. Passando dos 20 anos, esbanjava disposição e gostava de música e de estar onde as pessoas estavam, de preferência, em evidência. 
Liderava um conjunto musical jovem, um quarteto e era suplente de solista no coro da igreja. Nada mal para alguém recém saído da adolescência. 
Pelo fato de estar sempre disposto a trabalhar, foi me outorgado o cargo de "ecônomo" (diácono) vejam só. Um fedelho em meio a homens maduros, sérios e reconhecidos pela igreja. Mas isso não era tudo. Juntamente com o pastor, passei a co-liderar uma congregação num bairro vizinho e fui muito elogiado por meu desempenho musical e minha retórica. Fui invejado por minha "espiritualidade". Porém, quando o pastor me pediu para fazer um estudo bíblico sobre santificação, meus "problemas" começaram.
Minha conduta fora dos limites da religião, era péssima. Não sabia lidar com o dinheiro, desrespeitava meus pais, nutria uma raiva secreta de minha irmã (mais nova 6 anos), era um torcedor idólatra de meu time de futebol, embriagava-me com frequência, falava a língua dos palavrões fluentemente e exagerava (mentia sobre) minhas conquistas pessoais. Era vaidoso ao extremo e junto com colegas não crentes, contava piadas obscenas sobre Deus, Cristo e Maria. 
Um hipócrita, você dirá. Sim, e um bom religioso para os amigos da igreja. Faltava-me "o encontro". 
Dominado pelo medo de ir para o inferno sem escalas no purgatório ou coisa que o valha, passei a ler a Bíblia. A princípio não entendia muita coisa, mas logo comecei a entender e muito bem. Estava perdido, longe de Deus, inimigo da Divindade, sem esperança, sem Salvação, sem paz, sem perspectiva futura. Vivendo "o aqui e agora" e me lixando para o amanhã. Mas aos domingos cantava: "Glória, glória, aleluia...vencendo vem Jesus". 
Mas um dia, sentindo-me imundo, o pior espécime humano sobre a terra, um farrapo, completamente desgraçado e sem a menor noção de como obter o perdão de Deus. Procurei um pastor (outro, obviamente) e lhe disse: "Deus jamais me aceitará. Eu sou perverso. Contei piadas sobre Deus, Jesus e Maria. Eu finjo ser o que não sou. Creio que para me aceitar em seu Reino, Deus queira antes me dar uma surra, que meus pecados me fazem merecer. Estou disposto a isso, aconteça o que acontecer. Eu quero paz".
O sábio homem de Deus, colocou seus olhos sobre mim, e calmamente me disse: "Essa surra que você bem merece, Jesus sofreu em seu lugar". Exatamente 48h depois,  tive o meu "encontro".
"O ensinamento verdadeiro e que deve ser crido e aceito de todo o coração é este: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior.  Mas foi por esse mesmo motivo que Deus teve misericórdia de mim, para que Cristo Jesus pudesse mostrar toda a sua paciência comigo. E isso ficará como exemplo para todos os que, no futuro, vão crer nele e receber a vida eterna.  Ao Rei eterno, imortal e invisível, o único Deus—a ele sejam dadas a honra e a glória, para todo o sempre! Amém!"( I Tm 1:15 à 17)

sergiomarcos59@hotmail.com

2 comentários:

  1. Gostei muito do texto. Como é bom ter encontrado Cristo e ver que isso não é um texto motivacional, mas uma verdade em nossas vidas.Deus é real, e nos aceita independente da nossa condição. Basta apenas um coração humilde, arrependido e necessitado da Sua graça e misericórdia.
    Que Deus te abençõe, pastor.

    Weslley Sanchez

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    1. Amém. Esse é um breve testemunho da graça de Deus revelada a mim em 1981.

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